80% dos moradores de São José do Rio Preto ganham até 3 mínimos
sexta-feira, 18 de novembro de 2011Em 80% dos domicílios de guia de São José do Rio Preto, a média salarial de cada um dos integrantes que trabalham é de até três mínimos. Em 66% deles, o rendimento mensal chega a dois salários. Estes são dados do censo 2010, divulgados nesta quarta-feira (16) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A professora Ana Maria Pires Campos, 36 anos, e o marido dela, Carlos Henrique Soares Campos, 39, ganham juntos R$ 3,1 mil, ou seja, três salários cada um. “Conseguimos comprar nossa casa própria e faltam cinco parcelas para quitar o carro”, afirma ela.
O casal tem planos de pagar um cruzeiro no ano que vem. “Vivemos muito bem. Apenas somos controlados e sabemos como gastar”, diz o marido.
A empregada doméstica Rosângela Ventura Teodoro, 38 anos, moradora do bairro Nova Esperança, zona norte de Rio Preto, está entre as famílias com renda de até dois mínimos. Rosângela e o marido dela, Donizete Tiago Ferreira, 57 , ganham juntos R$ 950.
“Graças a Deus não falta comida na mesa. Mas tudo tem de ser controlado e não sobra para regalias”, disse ela.
Na casa do pintor Emerson Barbosa Vieira, 30 anos, a situação é semelhante. O pintor, a mulher dele, Ivonete Maria da Silva Cruz, 37 , e o filho, Wllyedson Yuri Barbosa, 8, sobrevivem por mês com menos de dois salários mínimos.
“Pago R$ 180 só de prestação da casa. O restante tem de dar para comer e vestir”, disse ele. Para ajudar na renda mensal, a mulher dele vende jujus e pipas para a vizinhança do bairro Nova Esperança. “Não é muito por mês, mas ajuda no mercado e a pagar contas menores, como a de água e de luz. É um salário só de lucro das vendas dos jujus e pipas”, afirma o pintor.
Questão de educação /Para o economista João Felipe Dias, casos como os das famílias do bairro Nova Esperança são círculos viciosos. “Não há progressos porque essa população não tem qualificação profissional. Os índices de escolaridade na maioria dos casos são baixos”, afirma. Segundo o especialista, a classe D, com o passar do tempo, assumiu postos de trabalho braçal. “A maioria das mulheres é contratada como empregada doméstica ou no comércio. Já os homens têm de trabalhar em serviços gerais e na construção civil”, diz o economista.
Sobre a pesquisa
Participaram do Censo 2010 cerca de 190 mil recenseadores, que visitaram os mais de 5.500 municípios brasileiros. Ao todo, foram entrevistados representantes de 67,5 milhões de domicílios no período de 1º de agosto a 31 de outubro. Outras 899 mil residências foram consideradas fechadas. Os primeiros dados da pesquisa, que identificou a população rio-pretense em 408,2 mil pessoas, foram divulgados em abril.
Cresce número de pessoas que se declaram pardas
O número de pessoas que se declararam de cor parda no Censo 2010 cresceu 62% em relação a mesma pesquisa realizada em 2000.
De acordo com dados do IBGE divulgados nesta quarta, dos 408,2 mil rio-pretenses entrevistados no ano passado, 75.342 se disseram pardos. Isso representa 18,46% do total da população (Veja no quadro ao lado). Em 2000, dos 358,5 mil entrevistados, 11,81% se declararam de cor parda.
A vendedora Fabiana Freitas Antunes, 36 anos, faz parte da população de cor parda na cidade. “Sempre ficava na dúvida entre parda e amarela. Quem explicou a diferença foi o próprio recenseador”, disse ela.
Fonte: Rede Bom Dia
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