Moradores apontam desafios na saúde para prefeito de Rio Preto
terça-feira, 11 de dezembro de 2012Demora no atendimento e falhas no diagnóstico são as principais reclamações dos moradores de São José do Rio Preto (SP) em relação às unidades básicas do município. Elas estão entre os principais desafios do prefeito reeleito Valdomiro Lopes (PSB) para os próximos quatro anos.
Nas UBS’s de Rio Preto os prédios são novos, mas os problemas bem antigos. Conseguir uma consulta exige paciência. A copeira Maria das Graças precisa de um simples exame de sangue e vai ter que esperar três meses. “Se a gente estiver morrendo lá dentro, a gente vai morrer. Se precisar de um médico para uma urgência, não tem”, afirma.
Já a dona de casa Vanessa Faria está com tendinite. Ela já fez a ultrassonografia, mas o retorno com o especialista é só em janeiro. Enquanto isso, a dona de casa tem que aprender a conviver com uma dor constante. “Quando não me atendem no posto de saúde eu passo na farmácia e tomo uma injeção, porque a dor não passa”, diz a dona de casa.
Para Rogério Vinícius dos Santos, presidente do Conselho Municipal de Saúde, a maior parte dos problemas da saúde pública em Rio Preto é causada pela falta de médicos. “Isso ocasiona atraso no atendimento, desde a recepção, porque faltam profissionais até na recepção por haver falta de plano de carreira. Então é complicado até contratar este tipo de funcionário. Os médicos também não querem trabalhar na rede pública porque na área privada ele vai ganhar bem mais”, afirma.
Outro desafio que o município precisa enfrentar são as mortes causadas por diagnósticos incorretos. Os pacientes chegam às unidades de saúde, são medicados e liberados, mas depois voltam a passar mal. Com isso, começa uma verdadeira ‘peregrinação’ que, muitas vezes, termina de forma trágica. “Ao invés de internar minha filha, não internaram. Ela pediu para internar falando para o médico que não estava boa. Mas demoraram muito”, afirma Jandira Pires, mãe de uma vítima.
O desabafo dela é de uma mãe que viu a filha de 36 anos morrer. A mulher começou a se sentir mal e procurou seis vezes a UPA do bairro Jaguaré. Em todas saía com o mesmo diagnóstico: virose. Mas a auxiliar de dentista morreu, porque na verdade estava com dengue pela segunda vez. A família vai processar a prefeitura de São José do Rio Preto . “Os médicos erraram muito ao não internar a minha filha. Demoraram muito para acertar o diagnóstico”, diz.
A comerciante Camila Rodrigues Murata também sente a dor da perda de um parente, vítima do descaso da saúde pública. O pai dela morreu depois de passar três vezes pela UPA do Jaguaré. Só na última foi encaminhado à Santa Casa, mas já era tarde. “Só aplicavam soro nele e falaram que não tinha necessidade de transferir para a Santa Casa. Quando ele estava com dor no coração e não conseguia nem falar aí que levaram para o hospital”, relembra.
Neste ano, seis pessoas morreram por demora no atendimento ou erro no diagnóstico na cidade. Por isso, esta cobrança é uma das prioridades do conselho municipal. “Essa peregrinação a gente não entende o motivo. Alguns casos devem ser encarados com seriedade. O Disque-saúde existe para isso, para reclamar com o conselho municipal de saúde. Por isso, qualquer problema o paciente tem de ligar para o Disque-saúde”, diz Rogério.
O prefeito Valdomiro Lopes falou sobre o que pretende fazer para resolver os problemas na saúde no próximo mandato dele. “Todas as ocorrências de morte nos atendimentos das unidades municipais, nós temos como regra fazer a investigação do que aconteceu. E a Secretaria de Saúde aprofunda esta investigação com o relatório dos médicos. O que vai ajudar muito é o prontuário eletrônico. Quando um paciente foi atendido em um posto, quando ele for para outro o médico poderá ver o histórico de atendimento dele e diagnosticar mais rápido”, afirma.
Fonte: G1
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