O número de estupros cresceu nos primeiros meses deste ano na região noroeste paulista. Quem sofre esse tipo de abuso precisa de apoio psicológico e a denúncia é fundamental para que o criminoso possa ser encontrado pela polícia.

Na região noroeste paulista, foram registrados nos três primeiros meses do ano 207 casos de estupro, de acordo com um levantamento da Secretaria de Segurança Pública do Estado. Só na cidade de São José do Rio Preto foram 46 ocorrências, quase 70% a mais do que foi somado no mesmo período de 2012.

O medo e a insegurança são sequelas de um trauma que uma adolescente de 13 anos, que não quer se identificar, viveu. “Fui para a casa da minha irmã, e um conhecido do meu pai, falou que ia me levar e me buscar. Aí chegando lá eu fiquei a festa inteira normal e quando o conhecido do meu pai foi me buscar, de vez dele vir para minha casa, ele foi para o matagal e lá aconteceu o estupro. Fiquei apavorada, pensei que eu ia morrer”, afirma.

O homem que abusou da jovem foi preso, mas isso não foi o bastante para tranquilizar a vítima. “Fiquei com medo de sair de casa, com medo de fazer tudo, até de dormir. Eu não dormia, tinha que tomar remédio para dormir”, diz.

Relatos como este tornam as estatísticas cada vez mais preocupantes. Para a delegada da mulher em Rio Preto, Dálice Ceron, os números refletem um novo comportamento das vítimas, que estão tendo coragem para denunciar os crimes. “Não vejo como aumento de casos, mas aumento de notificação. É importante que haja notificação porque muitos fatos estão ocorrendo no recesso do lar, sem que a criança, jovem se encoraje, denuncie. Então a partir do momento que vemos um aumento das estatísticas, isso é muito importante porque nós sabemos que é uma situação interrompida”, afirma. A denúncia à polícia é totalmente anônima. Basta ligar para o telefone 181, do disque-denúncia, ou para o 190, da Polícia Militar.

Depois de procurar a delegacia na cidade de São José do Rio Preto é preciso também ir à busca de tratamento. A violência sexual traz consequências graves, e na maioria dos casos, sozinha, a vítima não consegue se recuperar. “Essa pessoa pode ficar com medo de sair de casa, medo de confiar em outras pessoas, insegurança, principalmente com sexo masculino. Tem sentimentos de culpa e vergonha, por isso é importante que ela tenha espaço para falar sobre isso, é importante que ela procure tratamento psicológico ou então psiquiátrico”, afirma a psicóloga Ana Cristina Policarpo.

Fonte: G1